Graças a Deus, este título não tem nada a ver com a Bela, nem com a gravidez, que é o começo de uma linda vida.
Trata-se do finalzinho de outra linda vida que eu tive o prazer e a honra de fazer parte. De cuidar e amar muito. É que ontem eu me despedi do meu filhinho canino mais amado.
Olha aí quando começou a nossa história:
Ele já estava bem velhinho, com quase 17 anos, mas eu NUNCA estaria preparada para este momento.
Há 2 anos começou a perder a visão lentamente, depois a audição, vários problemas de pele, e nos últimos meses já caminhava com dificuldade. Mas mesmo assim, sempre que sentia o meu cheirinho passando, vinha atrás. Até semana passada ainda mordia a grade do portãozinho pra tentar entrar em casa, todo malandrinho. É verdade que ele já nem lembrava o cachorrinho sadio e serelepe de antigamente. Mas, era o meu bebê velhinho, fiel e companheiro como sempre.
Começou a mostrar sinais de que essa hora estava chegando na semana passada, quando de repente começou a sangrar. Passamos iodo nas feridas, conforme recomendado. A veterinária dos outros cachorros me disse que por causa da idade, provavelmente isso era sinal de um câncer avançado, sem opções de tratamento. Que o melhor seria dar uma vitamina e alimentá-lo bem para que a imunidade não ficasse baixa demais.
Só consegui dar a vitamina 4 dias e depois, nem com queijo ele comia mais. As feridas começaram a abrir e piorar muito. O cheiro de sangue ficou forte demais. Não adiantava mais dar banho, pois as secreções não paravam. Mas, até então, meu pai lavava, passava Iodo e colocava um curativo. A partir de Segunda-Feira, dia 28, era só eu passar por ele, que começava a chorar. Não adiantava passar mais nada. Ele começou a ficar rodeado de moscas. Quarta, dia 02, eu comecei a ficar realmente desesperada. QUANDO ele conseguia levantar, ficava andando em círculos com a maior diculdade que se pode imaginar, não comeu e nem bebeu água o dia inteiro. Não conseguia abaixar até o pote e não conseguia engolir quando tentávamos dar na boca. Aí foi que vimos que a boca simplesmente estava se desmanchando. Me espantou demais o quanto isso evoluiu rápido. Parecia que tinham jogado ácido ali.
Como sempre foi um anjinho, um cachorrinho manso, calmo e que parecia não querer dar trabalho pra ninguém, ele não chorou, não gemeu, não reclamou dessa situação terrível em momento algum. Mas, eu vi que ele estava sofrendo demais. Um anjinho como ele JAMAIS deveria passar por isso, depois dessa vidinha linda trazendo tantas alegrias.
Comecei a lembrar de quando ele veio pra casa, dia 18 de Agosto de 1994, bebezinho, do tamanho da minha mão, deitado na minha barriga no banco de trás do Del Rey do meu avô. Nem conseguia andar direito. E quando aprendeu a fazer xixi no jornal, fazia até nos que a gente estava lendo. Era possessivo demais com seus brinquedos e por isso a brincadeira de buscar e trazer nunca foi seu forte, pois ele buscava e escondia, afinal, o brinquedo era dele! Mesmo sendo baixinho, ele dava pulos da altura da janela pra nos ver quando saíamos de casa. Sempre teve um comportamento exemplar, mas não resistia quando passava um cachorro MAIOR que ele e fugia pra correr atrás. Outra travessura que ele nunca abandonou, pelo menos enquanto dormiu no quarto, foi a mania de morder pontas de edredons e cobertores. Nenhum escapou. E fofo como ele era, nunca apanhou por isso.
Cavar canto de sofá também era uma de suas brincadeiras preferidas.
Ele foi muito amado. Muito mesmo. A coisa de que mais senti falta quando saí de casa para me casar, o que me deixava deprimida mesmo, era ficar longe dele. Pois, parecia que ninguém sabia cuidar dele como eu. Uma vez comprei 10kg de ração especial e trouxe de Metrô, pra ele, claro. 10kg de ração na lomba, no metrô, é osso!
Claro que tive momentos terríveis daí pra frente. Cheguei na minha mãe um dia, ele brigou com Willie e o olho esquerdo ficou esquisito. Pronto, abri o berreiro e o levei pro veterinário. Era o começo dos probleminhas de velho. Depois de um tempo, cheguei aqui, o peguei no colo e percebi um bafinho pior que o normal. Eram os dentinhos tomados pelo tártaro. Levei no veterinário, mais uma vez aos prantos, e ele passou por uma cirurgia pra tirar o que tinha de ruim na boca. Até chorei quando cheguei lá para buscá-lo e ele estava andando meio dopadinho. Foram muuuuitos e muuuitos momentos de todo tipo. Todos serão lembrados eternamente.
Vou tentar muito esquecer esses últimos dias horríveis. Mas, tenho certeza de que tivemos coragem de acabar com o sofrimento dele o quanto antes. Mesmo que tenha sido um dos momentos mais dolorosos da minha vida. Ou talvez tenha sido O PIOR, o mais triste. Meu choro foi descontrolado, eu gritava, soluçava. Aquele momento foi insuportável. Minha cabeça queria explodir, meu coração doía tanto. Depois pensei na minha bebê e no que eu estava fazendo ela passar naquele momento. Ela deve ter ficado bem assustada, pois depois de uma gravidez inteira falando manso, eu parecia outra pessoa. Me deitei e tentei muito me controlar. Respirei fundo, bebi água com açúcar. Mais tarde jantei forçada. Não dormi direito. Me bateu uma depressão profunda.
Hoje cedo parecia que eu tinha sido atropelada. Doía tudo.
Tento ser racional e pensar que realmente ele não seria mais capaz de ter uma vida boa, como merecia. Aliás, ele não teria mais nenhuma qualidade de vida. Qualquer tentativa de tratamento/cirurgia seria agressiva demais para aquele corpinho velho e cansado.
Aí vai mais uma foto dele, bem lindo, coisa de uns 6 anos atrás. Um príncipe! Cheiroso, fofo, parecendo um algodãozinho. Adorava passear de carro. FELIZ e serelepe, como eu queria que tivesse sido sua vida inteira, até o último momento.
Te amo, meu anjinho! Nunca vou te esquecer.

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